quarta-feira, 4 de março de 2009



NOSSA HISTÓRIA




AVIÕES TERRESTRES

Com o desenvolvimento da aviação, posteriormente os aviadores encontraram no Recife o melhor ponto para pouso e decolagem no campo arenoso do Ibura, próximo da encosta norte dos Montes Guararapes, terras do antigo desmontado Engenho do Ibura.
E começaram sem cunho oficial a chamar Campo do Ibura. No fim da década de 30, a Lati – Linhas Aéreas Transcontinental Italiana, também denominada Ala Litória, implantou no Ibura a sua primeira pista de concreto, pedra fundamental do futuro aeroporto dos Guararapes, para o tráfego dos seus trimotores Savoia Marchetti-83, construindo também um hangar onde está hoje o ginásio Santos Dumont, na Rua Barão de Souza Leão. Desde o início de suas atividades de vôo, em março de 1940, o Aeroclube de Pernambuco vinha ocupando parte do Campo do Ibura, onde depois foi construída a sua sede campestre. Em face, porém, da necessidade de ampliação e melhoramento das instalações da base aérea do Recife, a entidade aerodesportiva foi forçada a procurar outro local, a fim de reinstalar-se para continuação de seu trabalho, fixando-se por fim no Encanta Moça, no Pina, Rua Tomé Gibson S/Nº, onde permanece até os dias atuais.


SINDICATO CONDOR

O Condor cessou oficialmente suas operações no dia 1o de janeiro de 1927, passando ao Sindicato Condor, ainda não legalmente existente, as autorizações governamentais para operar. Assim, esta empresa que ainda não existia de direito, mas já existia de fato, recebeu a autorização, no dia 9 de novembro de 1927, para operar linha regular Rio de Janeiro - Porto Alegre. O vôo durava quatro dias para atender até a cidade do Rio Grande do Sul.
Com a chegada de dois Dornier Wal, o Sindicato Condor pôde expandir suas linhas em direção ao norte do país, em 20 de agosto de 1927, efetuando duas viagens experimentais, do Rio de Janeiro ao Recife, nas quais embarcaram 13 passageiros.
O Condor Syndikat já não existia, pois fora incorporado à Lufthansa. No dia 1o de dezembro de 1927, foi fundado no Rio de Janeiro a Empresa Brasileira de Navegação Aérea Sindicato Condor Limitada. Os elementos do extinto Condor Syndikat assumiram a direção.
No dia 20 de Janeiro de 1928, pelo decreto 18.075, o Governo Federal concedia ao Sindicato Condor os direitos para estabelecer linhas aéreas regulares no país. Em 3 de dezembro de 1928, aconteceu o acidente com o aerobote Dornier WAL – Santos Dumont, quando sobrevoava o navio Capitão Arcona, na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro. Trazia a bordo Alberto Santos Dumont e outros passageiros, entre eles o deputado e médico pernambucano, Amaury de Medeiros. Com esse acidente, foi retardada a expansão das linhas até 1929.


O FENÔMENO PANAIR

Em meados da década de 30, entrava em Pernambuco a primeira empresa de aviação comercial. Seu nome: Nyrba do Brasil S.A - a tão conhecida PANAIR do Brasil, empresa que fez história e muito contribuiu para o desenvolvimento dos aeródromos pernambucanos.
A história dos aeródromos no estado de Pernambuco confunde-se com a da empresa. O nome PANAIR começou a voar ainda na Bacia do Pina, onde os pousos e decolagens dos Sikorsky S-38 eram motivo de festa para a população.
Pioneira em vários aspectos, a Panair foi a primeira linha de penetração para o interior do país com a linha Belém-Manaus. A Bacia do Pina tornara-se pequena e sem infra-estrutura para receber vôos noturnos. O último vôo chegava às cinco da tarde, tendo que esperar o sol nascer para decolar.
Em julho de 1941, através do decreto lei n o 3.462, a empresa recebe a incumbência para executar a parte brasileira de Esforço de Guerra, que lhe cabia um vasto programa de construção e melhoramentos de aeroportos e bases, localizados em pontos estratégicos, para a defesa das nações aliadas. O referido decreto fez a Panair melhorar os aeroportos do Amapá, Belém, São Luiz, Fortaleza, Natal, Recife, Maceió e Bahia.
Ao passar para as instalações do Ibura, outras empresas começaram a operar, entre elas a AirFrance e a KLM. Por causa da habilidade dos seus funcionários em navegação, a Panair era a única a controlar todos os vôos internacionais. O serviço quase impecável ficou conhecido como o padrão Panair. Em Pernambuco, o alto nível técnico, a mais importante oficina de instrumentos da América Latina e o melhor serviço de meteorologia do Brasil renderam aos funcionários uma menção elogiosa do vice-presidente da empresa ao gerente, Sr. Zexis Figueiredo.
Tanto esplendor e dedicação acabaram sem nenhuma explicação. No dia 15 de fevereiro de 1965, a empresa deixava de operar definitivamente.



A ESCOLHA DO LOCAL PARA AS INSTALAÇÕES

Inicialmente ocupando o campo do Ibura, o que mais tarde seria a sede campestre do Aeroclube de Pernambuco, visando melhorias e ampliações das instalações e procurando atender também as ascendentes linhas de aviação comercial como Panair, Condor, Navegação Aérea Brasileira e Correio Aéreo Militar, o Aéroclube de Pernambuco resolve se instalar no campo do Encanta Moça depois de dois meses de procura por um local ideal.
Chamada de "Encanta Moça", desde muito pelo povo pernambucano, a linda ilha formada na Bacia do  Pina, por um braço do tradicional Capibaribe, serviu de base para os primórdios da aviação comercial de Pernambuco, ainda sem campo de pouso no Recife, aviadores franceses da Latecoére, empresa Francesa a qual teve um registro de acidente em 05/08/1934 de sua aeronave F-AILG. Com seus pequenos aviões postais descobriram um ponto apropriado na Ilha do Pina a fim de improvisar um aeródromo nesta cidade. Eram vôos experimentais iniciados em 1927, cuja principal base no Nordeste era Parnamirim, no Rio Grande do Norte, onde a Latecoére implantou suas instalações em dezembro de 1928.
Mesmo como o único e principal campo de pouso que o Recife dispunha na época, era apenas um campo alternativo, pois não possuía hangares nem tampouco estação de rádio-comunicação. O campo do Encanta Moça apresentava uma vasta vegetação com muitas árvores e uma grande área alagada, além de residentes dos arredores terem o Encanta Moça como campo de criação, proporcionando como pista apenas uma pequena área de terreno baixo.
Depois, com a tendência mundial para a hidro-aviação, o estuário do Pina Santa Rita transformou-se em novo aeroporto da capital, enquanto o Ibura recebia apenas os raros terrestres, entre os quais o do admirável Mermoz e do seu companheiro Saint Exupéry.
O Aeroclube de Pernambuco teve a autorização concedida pelo Governo do Estado para ocupar o campo do Encanta Moça, onde começaram suas instalações e construções de hangares.




INSTALAÇÃO OFICIAL DO AÉROCLUBE DE PERNAMBUCO

O Aeroclube de Pernambuco foi instalado oficialmente numa sexta-feira, 15 de Março de 1940 às 21h no Automóvel Clube situado na rua do Riachuelo, Nº 449. A solenidade foi presidida pelo Dr. Gercino de Pontes, onde compareceu todos os sócios fundadores além da presença solene do presidente do Automóvel Clube o dr. Avelino Cardoso, o delegado do Departamento Nacional de Aeronáutica o Dr. Georg Stocky, o comandante da esquadrilha de defesa da costa o tenente Sylvio Fontoura, assim como, jornalistas e pessoas interessadas.

APOIO DO GOVERNO

O Governo Federal, o qual presidia oficialmente o Aeroclube de Pernambuco através da figura ilustre do Interventor Federal Agamemnom Magalhães, amparou por todos os meios a iniciativa, subvencionado-os, doando aviões, financiando metade das 25 horas de vôo, indispensáveis para a formação dos pilotos.
O presidente de honra do Aeroclube de Pernambuco, Agamemnom Magalhães, antes mesmo da fundação do Aero Clube, cogitava em estabelecer uma linha comercial que ligaria Recife a Petrolina e Garanhuns, mandando orçar as despesas das construções dos campos de pouso de Garanhuns, Serra Talhada e Caruaru, os que serão feitos pelo Governo caso a Aeronáutica Civil ou a Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas não possam fazê-las.
O então presidente do Aero Clube o Dr. Gercino de Pontes, já havia percorrido o sertão, a mando do Interventor Federal, para prestar socorro aos povos abalados com a seca, que durou cerca de dois anos, após percorrer mais ou menos 2000 km de estrada durante uma semana constatou a necessidade da construção de uma linha aérea que diminuísse o tempo que separa Recife das demais localidades do alto sertão.
Já havia, então, os campos em Exu, Petrolina, Rio Branco, Itaparica e Floresta, onde operam os aviões do Correio Aéreo e os das Obras Contra as Secas, no levantamento fotogramétrico da Região de São Francisco.







O INÍCIO

Foi solicitado de início ao general Regueira, chefe da Aviação Militar, um avião “Muniz-7” para se iniciarem os trabalhos da escola de vôos, primeira etapa do desenvolvimento do Aero Clube de Pernambuco.
A idéia da fundação do Aero Clube acarretou uma animadora contribuição, aproximando de 200 as adesões recebidas num curto espaço de tempo.
Numa reunião da Assembléia geral, patrocinada pelo Interventor Federal Agamemnom Magalhães, esteve presente todos os elementos da indústria e do comercio de Pernambuco, onde foi feito um apelo a essas classes para uma ação conjunta em favor do desenvolvimento do Aero Clube.
Foi iniciada em seguida a “campanha dos 15”, onde essa campanha visava inicialmente à aquisição de 15 aviões, campanha qual, teve o êxito desejado. A campanha surpreendeu pela velocidade deixando constrangidos aqueles, que por qualquer motivo, não tiveram oportunidade de cooperar.
Em Março de 1941, teve início a Campanha dos Estudantes em favor do Aero Clube, milhares de cartões foram distribuídos nas escolas, na qual essa coleta teve a arrecadação de 15:452$00 (quinze contos e quatrocentos e cinqüenta e dois mil réis). Foi patrono desta iniciativa o Dr. Arnaldo Carneiro Leão, ilustre preceptor neste Estado




BIBLIOGRAFIA

Cogita-se da fundação do Aero Clube de Pernambuco. Diário de Pernambuco. Recife, 7 mar. 1940, capa.

O Aero Clube do Ceará vae homenagear “os diários associados”. Diário de Pernambuco. Recife, 15 mar. 1940, capa.
Instalado o Aero Clube de Pernambuco. Diário de Pernambuco. Recife, 17 mar. 1940.

Pernambuco integrado na campanha em prol do desenvolvimento da Aeronáutica Civil. Diário de Pernambuco. Recife, 24 mar. 1940, p.11.

Instala-se hoje solenemente, o Aero Clube de Pernambuco. Jornal do Comercio. Recife, 15 mar. 1940, p.10.

ULTIMA HORA: Envida-se grande esforço a fim de se melhorar e ampliar a nossa Aeronautica. Jornal do Comercio. Recife, 16 mar. 1940, p.10.
Aero Clube de Pernambuco. Folha da Manhã. Recife, 15 mar. 1940.

Fundado o Aero Clube de Pernambuco. Folha da Manhã. Recife, 16 mar. 1940.

A fundação doAero Clube de Pernambuco. Folha da Manhã. Recife, 24 mar. 1940, p.16, p.12.






Trabalho organizado por PAULO CÉSAR CARNEIRO KÉMMER